sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Do lago dos encantos à pedra filosofal

"eu apareço, eu apareço

e digo como há de sonhar" (FADA, p. 32)

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo

Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel

Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,

Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista

Que é cabo da boa-esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança

Columbina e arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva

Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão

Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha

O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança

Composição: António Gedeão

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QUEM É QUE NÃO QUER VER MELHOR O MUNDO?

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