quinta-feira, 12 de abril de 2018

MARCO-POLO E A ANDORINHA DO KHAN: à descoberta de um aventureiro medieval e do teatro musical



Neste teatro musical o Imperador mongol Kubilai Khan, neto de Gengis Khan, soberano refinado que pôs termo aos massacres sistemáticos praticados pelos seus antepassados, encontra o jovem mercador e viajante veneziano Marco Polo.

A este espetáculo assistiram as duas turmas da Secção Portuguesa em abril de 2018. A partir do que vimos e das diferentes opiniões foi elaborado um texto coletivo onde se procurou dar uma opinião sobre o que vimos de forma equilibrada e respeitando diferentes pontos de vista. este espetáculo permitiu igualmente aos alunos estabelecerem oralmente uma comparação com a figura de Fernão Mendes Pinto, um explorador português do século dezasseis que, tal como Marco Polo, andou pelo Oriente e também nos deixou registado em livro as suas aventuras.

Antes de redigirmos a apreciação crítica os alunos visualizaram pequenos vídeos sobre o trabalho realizado por Éric Bouvron: http://www.lefigaro.fr/theatre/2017/09/02/03003-20170902ARTFIG00010-quand-marco-polo-rencontre-kubilai-khan-voyage-dans-la-mongolie-du-xiiie-siecle.php


PLANO DO TEXTO CRÍTICO
argumentos
fundamentação
- música adequada ao espírito da peça
- instrumentos típicos da época (século XIII) e da cultura mongol
- boa luminotecnia
- havia um jogo de sombras, nomeadamente quando a esposa do Khan dançava, o que valorizava a dança e a personagem que era muito linda

- os jogos de luz permitem assinalar a mudança de cena

- luzes com cores quentes/fortes ajudam a transmitir os sentimentos das pessoas

- a cor vermelha com o foco na cama (centro da cena)

- as cores azul e roxo quando se cantava

- o branco quando a mulher do Khan dançava

- cenário minimalista reduzido praticamente a uma cama grande no centro do palco
- a cama representa vários cenários: uma colina; a sala do trono; o quarto
- o biombo que tinha várias funções (marcar a entrada e a saída)
- o banco que estava em  cena

Outras ideias referidas pelos alunos
- MP apaixonou-se pela mulher do Khan
- O Khan podia ter várias mulhers
- A mulher do Khan oriunda da cultura li tinha tatuagens porque isso fazia parte da sua cultura
- o acompanhamento instrumental foi interessante, mesmo se nem todas cantavam bem
NB: na introdução devemos apresentar a peça, o dramaturgo e o argumento do nosso texto

A VERSÃO FINAL DO NOSSO TEXTO CRÍTICO SOBRE A PEÇA A QUE ASSISTIMOS





Introdução
No dia 12 de abril de 2018, ao teatro em Saint-Germain-en-Laye. Subiu à cena no Théâtre Alexandre Dumas “Marco-Polo et l’hirondelle du Khan” de Eric Bouvron, uma peça de teatro que apresenta o encontro entre o explorador veneziano Marco-Polo e o imperador mongol Kubilai Khan no século XIII. Através destes dois protagonistas dá-se o encontro entre duas culturas: o mundo ocidental e o mundo oriental. Os dois homens vão dialogar longamente e assim perceberemos a lógica das conquistas do Khan, os seus objetivos de unificação de territórios bem como a sua forma de governo. Aparecem também diante de nós dois homens respeitadores da cultura e da religião do Outro, algo que nos pode interpelar nos tempos que correm... Vejamos agora por que motivo nos parece interessante assistir a este espetáculo.














Desenvolvimento
Podemos começar por afirmar que o século XIII está muito bem apresentado tanto ao nível do guarda-roupa (moda da época) como ao nível da sonoplastia com o acompanhamento sonoro feito com instrumentos tradicionais da cultura mongol. Dito isto, se esta peça tem vários aspetos positivos também nela vemos aspetos mais negativos. No entanto, a existência destes últimos não nos impede de seguir e de compreender o espetáculo.

Foi interessante ver o funcionamento do Império Mongol, muito grande, organizado e respeitado pelos seus contemporâneos. O público pôde observar diferentes aspectos da cultura mongol, tais como roupas, músicas, cantos e instrumentos tradicionais presentes no palco e tocados ao vivo. O Império mongol era um mundo muito diferente do mundo europeu, como podemos perceber durante a peça. Por exemplo, as crianças aprendiam a combater a partir dos três anos. Também podemos ver que este reino, que podia parecer bárbaro para muitos europeus, estava na realidade muito organizado. Vários aspetos da vida mongol foram valorizados com muito êxito pelos atores, nomeadamente a maneira acolhedora de receber os estrangeiros no país e a tolerância do Khan para com as outras culturas e religiões, deixando a descoberto o seu objetivo de unificar o mundo.

O cenário minimalista, apenas constituído por uma cama posicionada no centro do palco, suscitou reações contrárias no público. Alguns acharam que o facto de ter apenas um elemento do cenário permitia dar mais atenção aos atores, e portanto concentrar-se completamente na intriga da peça. Todavia, muitos espetadores acharam que o uso de um só elemento no cenário não foi benéfico para a compreensão da história. A cama tinha várias funções (cama, sala do trono, colina...) e necessitava uma grande atenção por parte dos espectadores, que tinham por vezes dificuldades em entender o que acontecia ou em perceber o papel da cama, fazendo com que se desconcentrassem da peça. A disposição dos diferentes elementos do cenário era alterada em frente do público, o que fez com que a intriga não perdesse o ritmo, para além de assinalar o contraste entre os lugares. Um outro elemento do cenário, o biombo, ajudava a marcar as entradas e saídas de atores.

Da mesma forma, a presença de somente três atores suscitou reações diversas. Alguns elementos do público acharam que era uma boa ideia, permitindo ter uma narração que se concentrava na ação principal e não em eventos “inúteis”, ou menos interessantes, que poderiam ter sido desenvolvidos com a presença de personagens secundárias.
Outros elementos do público tiveram dificuldades em imaginar certos momentos da peça que necessitavam a presença de muitas pessoas, por exemplo quando o Khan refere a Marco Polo o facto de estarem muitas pessoas presentes, havendo apenas duas pessoas presentes no palco. Portanto, a presença de poucos atores estragava a impressão de multidão que deveria estar presente.

Ao longo da peça, a luminotecnia ajuda a transmitir os sentimentos das personagens: as cores, azul e roxo, no momento em que se canta, ou os jogos de luz assinalando a mudança de cena. As luzes permitem um trabalho com sombras em palco, nomeadamente quando a mulher do Khan dança, valorizando assim cada um dos seus movimentos. A luz também ajuda a exprimir os sentimentos das personagens por exemplo através da projeção de cores quentes.

A paixão que surge entre o jovem Marco Polo e a quarta mulher do Khan levou-nos a perceber melhor as culturas em confronto. A “andorinha do Khan” permite, de certa forma, mostrar um ‘’resumo’’ da cultura do Império do seu marido: ela revela, por exemplo, que as pessoas podiam, no século XIII, andar tatuadas por motivos culturais, ter várias esposas...

Conclusão
Muito mais se poderia dizer acerca deste espetáculo, registámos apenas algumas ideias que nos surgiram após a nossa ida ao teatro. Em jeito de conclusão diríamos que esta peça foi muito interessante de um ponto de vista cultural e histórico, apesar de haver opiniões diversas sobre aspetos pontuais relativos à encenação de Eric Bouvron.

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QUEM É QUE NÃO QUER VER MELHOR O MUNDO?

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