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No dia 26 de novembro de 2014 realizou-se
no anfiteatro do Liceu internacional de Saint-Germain-en-Laye um recital
intitulado «Os tempos da língua – Uma viagem à poesia em língua portuguesa, ao
ritmo do tempo…». As sopranos Mariana Castello-Branco e Sara Afonso
acompanhadas do pianista José Brandão, sob a coordenação artística de Manuela
de Sá, apresentaram um espetáculo dividido em quatro partes: 1ª parte –
Cantigas medievais galego-portuguesas; 2ª parte – A era de quinhentos; 3ª parte
- A modernidade; 4ª parte – Vox brasiliensis.
As expetativas que o
público jovem tinha relativamente ao recital, não eram as melhores - ouvir
canto lírico durante 50’ numa quarta-feira à tarde, depois do almoço, não
entusiasmava muitos dos que entraram no anfiteatro do château de Hennemont – e, no entanto, fomos vários a exprimir o nosso
agrado no final do recital. Afinal até foi giro…
As quinze poesias interpretadas levaram-nos
a viajar: da Idade Média à atualidade, de Portugal ao Brasil, do rei D. Dinis a
Camões, passando por António Nobre e por Vinícius de Moraes. As diferentes
poesias foram interpretadas de uma forma que fez lembrar a alguns o fado, o que
agradou aos apreciadores desse tipo de música. Além disso, as duas cantoras
fizeram o esforço de cantar com o sotaque brasileiro as poesias brasileiras e
isso foi também positivo. Apesar de não se perceber sempre o texto no canto
lírico, o olhar, a expressividade e a voz das cantoras conseguiram passar para
o público do recital as emoções das canções entoadas. Na verdade, o público
tinha a sensação, ao ouvir as duas sopranos, que elas estavam a viver a mensagem dos poemas. É curioso
que, mesmo sem se perceber a letra, a nossa atenção tenha estado presa do
início ao fim do recital. Também terá ajudado essa nossa concentração a
harmonia existente entre as cantoras.
Quanto ao
pianista, pareceu-nos que interpretou particularmente bem as diferentes músicas
- tocou de forma fluente e sem hesitações, mesmo nos momentos em que tinha de
virar as páginas da partitura. José Brandão também soube gerir as situações
imprevistas que surgiram ao longo do recital, chegando a ser o porta-voz do
grupo nos momentos finais do espetáculo. A concentração das cantoras e do pianista
era total, mesmo quando os aplausos se faziam ouvir nos momentos errados. Os
três artistas mostravam ter prazer no recital que estavam a dar e souberam
transmiti-lo.
Resumindo
e concluindo: assistimos a um bom espetáculo! Alguns de nós descobriram pela
primeira vez o que é um recital e perceberam que a escolha do lugar neste tipo
de espetáculo é importante na medida em que as vozes agudas podem ferir os ouvidos mais sensíveis. Para
outros, teria sido interessante que cada uma das quatro partes do recital
tivesse sido anunciada (através, por exemplo, da projeção dos respetivos títulos
no palco) e que no final do recital o público tivesse podido conversar com os
artistas sobre o recital.
Turma do 9º ano (3e do LI)
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