quarta-feira, 18 de junho de 2025

EXPRESSÃO ESCRITA CRIATIVA (parte 2)

 

BELMOTRÃO GORDÃO

 

Uma ocasião, num dia de canícula, Belmotrão, o único brasileiro do beco, andava a gatinhar no passeio o que surpreendeu o Zé Metade. Este aproximou-se dele e perguntou-lhe porque estava a andar de gatas ao que o Belmotrão respondeu:

- É uma longa história… mas, se você tiver tempo, posso te contar na taberna da Marta tomando um levanta velho brabo[1]!

- Levanta o quê? A Marta só vende amarelinhas, Belmotrão! Acho que estás a confundir género humano com Manuel Germano… Eu alinho numa amarelinha, mas tu podes tomar um levanta velho brabo se quiseres e a Marta to servir. Andor que se faz tarde para a taberna.

 

Belmotrão seguiu de gatinhas, atrás do Zé Metade, na direção da taberna da Marta. Quando tiveram que atravessar a rua, o Zé Metade aconselhou o vizinho a levantar-se e a verificar bem a direita e a esquerda para não ser atropelado como tinha acontecido ao Paf. Mal chegaram à taberna, Belmotrão começou a contar a sua história maluca aos presentes. Começou explicando que conforme ele se deslocava para Norte, crescia, para Sul, decrescia, para Oeste, engordava, e para Leste emagrecia. Todos olhavam para ele desconfiados, mas Belmotrão continuou a sua explicação sem prestar atenção aos olhares desconfiados que o observavam:

- Como todo o mundo pode imaginar, a minha vida ficou bem complicada com esse negócio de sempre mudar de tamanho e de posição conforme me deslocava. Foi num dia de canícula que descobri uma forma de parar todas essas alterações: andando de quatro eu não mudava!

A Marta, o Andrade e o Zé Metade ficaram surpresos após as revelações do Belmotrão e o Zé Metade, incrédulo, pediu ao Belmotrão, como quem não quer a coisa:

- Ó Belmotrão, não tem nada a ver com o que nos disseste, mas acabo de me lembrar que tenho uma bola presa na árvore que está no meio do beco. Por favor, podes lá ir buscá-la?

Relutante, o Belmotrão foi buscar a bola. Tinha percebido que o Zé Metade o estava a testar e para comprovar a sua história dirigiu-se à árvore. Conforme ia andando na direção da árvore todos puderam ver que o tamanho dele ia diminuindo. Ficaram todos atónitos:

- Esse é um grande problema! O que é que vamos fazer? - exclamou perguntando o Andrade ao que o Zé Metade reagiu sugerindo que podiam contactar o Padre Alentejano para encontrar uma solução. Foi dito e feito, ligaram na hora.

O padre alentejano, primeiramente, aconselhou ao Belmotrão a comer a lua, mas como o Andrade já a tinha engolido essa sugestão teve de ser posta de lado. O padre sugeriu então ao Belmotrão que mergulhasse no Tejo alegando que o rio tinha muitas propriedades benéficas para os habitantes de Lisboa. Ouvindo a sugestão do padre, Belmotrão, que já não aguentava mais o seu problema, saiu correndo para Oeste. Começou logo a engordar e de tanto engordar, não viu onde punha os pés, caiu no rio, explodiu causando um tsunami que destruiu o beco e a cidade de Lisboa. Pior que o terramoto de 1755! Mas como a água do Tejo era mágica, juntou os pedaços do Belmotrão e da cidade reconstituindo-os com a mesma velocidade com que os destruíra.

 

Após a explosão e a magia do Tejo, o Belmotrão começou a andar normalmente, deixando de crescer, decrescer, engordar e de emagrecer conforme se deslocava!

 

 

 

Texto planeado e redigido coletivamente pela turma de 3e do PMC

Releitura e correção da professora Isabel Costa

Junho de 2025



[1] Expressão brasileira sinónima de “amarelinha”.

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