BELMOTRÃO GORDÃO
Uma
ocasião, num dia de canícula, Belmotrão, o único brasileiro do beco, andava a
gatinhar no passeio o que surpreendeu o Zé Metade. Este aproximou-se dele e
perguntou-lhe porque estava a andar de gatas ao que o Belmotrão respondeu:
-
É uma longa história… mas, se você tiver tempo, posso te contar na taberna da
Marta tomando um levanta velho brabo[1]!
-
Levanta o quê? A Marta só vende amarelinhas, Belmotrão! Acho que estás a
confundir género humano com Manuel Germano… Eu alinho numa amarelinha, mas tu
podes tomar um levanta velho brabo se quiseres e a Marta to servir. Andor que
se faz tarde para a taberna.
Belmotrão
seguiu de gatinhas, atrás do Zé Metade, na direção da taberna da Marta. Quando
tiveram que atravessar a rua, o Zé Metade aconselhou o vizinho a levantar-se e
a verificar bem a direita e a esquerda para não ser atropelado como tinha
acontecido ao Paf. Mal chegaram à taberna, Belmotrão começou a contar a
sua história maluca aos presentes. Começou explicando que conforme ele se
deslocava para Norte, crescia, para Sul, decrescia, para Oeste, engordava, e
para Leste emagrecia. Todos olhavam para ele desconfiados, mas Belmotrão continuou
a sua explicação sem prestar atenção aos olhares desconfiados que o observavam:
- Como todo o mundo pode
imaginar, a minha vida ficou bem complicada com esse negócio de sempre mudar de
tamanho e de posição conforme me deslocava. Foi num dia de canícula que
descobri uma forma de parar todas essas alterações: andando de quatro eu não
mudava!
A
Marta, o Andrade e o Zé Metade ficaram surpresos após as revelações do
Belmotrão e o Zé Metade, incrédulo, pediu ao Belmotrão, como quem não quer a
coisa:
-
Ó Belmotrão, não tem nada a ver com o que nos disseste, mas acabo de me lembrar
que tenho uma bola presa na árvore que está no meio do beco. Por favor, podes
lá ir buscá-la?
Relutante,
o Belmotrão foi buscar a bola. Tinha percebido que o Zé Metade o estava a
testar e para comprovar a sua história dirigiu-se à árvore. Conforme ia andando
na direção da árvore todos puderam ver que o tamanho dele ia diminuindo.
Ficaram todos atónitos:
-
Esse é um grande problema! O que é que vamos fazer? - exclamou perguntando o
Andrade ao que o Zé Metade reagiu sugerindo que podiam contactar o Padre
Alentejano para encontrar uma solução. Foi dito e feito, ligaram na hora.
O
padre alentejano, primeiramente, aconselhou ao Belmotrão a comer a lua, mas
como o Andrade já a tinha engolido essa sugestão teve de ser posta de lado. O
padre sugeriu então ao Belmotrão que mergulhasse no Tejo alegando que o rio tinha
muitas propriedades benéficas para os habitantes de Lisboa. Ouvindo a sugestão
do padre, Belmotrão, que já não aguentava mais o seu problema, saiu correndo
para Oeste. Começou logo a engordar e de tanto engordar, não viu onde punha os
pés, caiu no rio, explodiu causando um tsunami que destruiu o beco e a cidade
de Lisboa. Pior que o terramoto de 1755! Mas como a água do Tejo era mágica,
juntou os pedaços do Belmotrão e da cidade reconstituindo-os com a mesma
velocidade com que os destruíra.
Após
a explosão e a magia do Tejo, o Belmotrão começou a andar normalmente, deixando
de crescer, decrescer, engordar e de emagrecer conforme se deslocava!
Texto planeado e redigido coletivamente pela turma de
3e do PMC
Releitura e correção da professora Isabel Costa
Junho de 2025
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