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---Aos vinte e um dias do
mês de abril do ano dois mil e vinte e três reuniu virtualmente, na sala
trezentos e nove do terceiro andar do edifício Scherer do Lycée
International de Saint-Germain-en-Laye, a turma do nono ano da Secção
Portuguesa com Geneviève Santorum. O encontro realizou-se virtualmente através
da plataforma zoom, começou às treze horas e terminou pelas treze horas e vinte
e cinco minutos. Estiveram presentes quinze alunos da turma e a professora
Isabel Costa. A ordem de trabalhos da reunião
foi:----------------------------------------------------------------------------------------------------
---Ponto único: testemunho
sobre vivências pessoais de Geneviève Santorum que sobreviveu, com os Pais, à
perseguição nazi durante a segunda guerra mundial. ---------
---O encontro devia ter
começado pelas doze e quarenta e cinco, mas os problemas técnicos de acesso ao
zoom levaram a um atraso de quinze minutos e a que o encontro tivesse de
terminar com o toque de saída sem que houvesse tempo para que os alunos
pudessem conversar com Geneviève Santorum. Do encontro foi possível registar
algumas informações partilhadas por Geneviève que refletiram as vivências
dramáticas sofridas pelos judeus no século vinte e com as quais os alunos já
tinham podido contactar previamente através do estudo da obra de Ilse Losa, O
mundo em que vivi, e da visita da exposição escolar “Longues vies”
apresentada há quinze dias por Sylvaine Leblond.----Geneviève Santorum
explicou-nos que os Pais viviam nos Países Baixos quando a Segunda Guerra
Mundial rebentou. Referiu o que viveram os Pais nessa época em que ela ainda
não tinha nascido já que a Mãe estava grávida dela. Os Pais e outros familiares
viveram a perseguição e extermínio dos judeus, a obrigatoriedade do uso da
estrela na lapela que os discriminava, a detenção arbitrária na rua pelo
simples facto de serem judeus. É o Pai de Geneviève que pensa em deixar os
Países Baixos, algo que a Mãe não deseja por estar grávida de sete meses. O Pai
não abandona a ideia e vai conseguir ajuda de terceiros para planear a saída do
país. No dia em que a fuga começa, o Pai de Geneviève diz apenas à Mãe para se
vestir com algo quente por estar frio. Acaba por conseguir iniciar a saída dos
Países Baixos até à Suíça onde Geneviève acaba por nascer. Ficámos a saber que
a entrada na Suíça não foi fácil pelo frio, pela neve, pelo caminho na montanha
e por a dada altura terem receado a detenção. Na Suíça puderam ficar apenas
seis semanas já que os suíços não queriam que lá ficassem. Assim, ao fim desse
prazo os Pais de Geneviève voltam ao caminho do êxodo, passam por Vichy que
vive sob a colaboração de Pétain. Os tios de Geneviève ficam em Vichy. Os Pais
dela sabiam da existência de campos de detenção em França e prosseguiram a fuga
chegando a Bilbau. Foi nessa cidade do país basco espanhol que apanharam um
barco que os levou até Lisboa. Chegados a Portugal reencontraram-se com uma tia
de Geneviève que tinha casado com um português. Mas em Portugal havia Salazar e
ainda não é aí que ficam a residir. Rumam para o Curaçau, uma ilha holandesa,
que ainda não estava sob domínio nazi e onde ficaram algum tempo. A seguir
foram para o Canadá onde Mãe e filha ficaram a viver. O Pai de Geneviève vai
mais tarde para Londres e envolve-se na guerra lutando ao lado dos Aliados. A
família só voltou a reunir-se no final da guerra, em Inglaterra.--
---Nada mais havendo a dizer, deu-se por encerrado o encontro do qual se lavrou a presente ata que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada nos termos da lei por mim que a redigi e por Geneviève Santorum que aceitou testemunhar online.
---Geneviève
Santorum: GS ---------------------------------------------------------
---A secretária: IC ---------------------------------------------------------------------
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