Neste teatro musical o Imperador mongol Kubilai Khan, neto de Gengis Khan, soberano refinado que pôs termo aos massacres sistemáticos praticados pelos seus antepassados, encontra o jovem mercador e viajante veneziano Marco Polo.
A este espetáculo assistiram as duas turmas da Secção Portuguesa em abril de 2018. A partir do que vimos e das diferentes opiniões foi elaborado um texto coletivo onde se procurou dar uma opinião sobre o que vimos de forma equilibrada e respeitando diferentes pontos de vista. este espetáculo permitiu igualmente aos alunos estabelecerem oralmente uma comparação com a figura de Fernão Mendes Pinto, um explorador português do século dezasseis que, tal como Marco Polo, andou pelo Oriente e também nos deixou registado em livro as suas aventuras.
Antes de redigirmos a apreciação crítica os alunos visualizaram pequenos vídeos sobre o trabalho realizado por Éric Bouvron: http://www.lefigaro.fr/theatre/2017/09/02/03003-20170902ARTFIG00010-quand-marco-polo-rencontre-kubilai-khan-voyage-dans-la-mongolie-du-xiiie-siecle.php
PLANO
DO TEXTO CRÍTICO
argumentos
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fundamentação
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música adequada ao espírito da peça
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instrumentos típicos da época (século XIII) e da cultura mongol
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boa luminotecnia
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havia um jogo de sombras, nomeadamente quando a esposa do Khan dançava, o que
valorizava a dança e a personagem que era muito linda
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os jogos de luz permitem assinalar a mudança de cena
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luzes com cores quentes/fortes ajudam a transmitir os sentimentos das pessoas
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a cor vermelha com o foco na cama (centro da cena)
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as cores azul e roxo quando se cantava
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o branco quando a mulher do Khan dançava
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cenário minimalista reduzido praticamente a uma cama grande no centro do
palco
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a cama representa vários cenários: uma colina; a sala do trono; o quarto
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o biombo que tinha várias funções (marcar a entrada e a saída)
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o banco que estava em cena
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Outras ideias referidas pelos
alunos
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- MP apaixonou-se pela mulher do Khan
- O Khan podia ter várias mulhers
- A mulher do Khan oriunda da cultura li tinha
tatuagens porque isso fazia parte da sua cultura
- o acompanhamento instrumental foi interessante,
mesmo se nem todas cantavam bem
NB: na
introdução devemos apresentar a peça, o dramaturgo e o argumento do nosso
texto
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A VERSÃO FINAL DO NOSSO TEXTO CRÍTICO SOBRE A PEÇA A QUE ASSISTIMOS
Introdução
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No dia 12 de abril de 2018, ao
teatro em Saint-Germain-en-Laye. Subiu à cena no Théâtre Alexandre Dumas
“Marco-Polo et l’hirondelle du Khan” de Eric Bouvron, uma
peça de teatro que apresenta o encontro entre o explorador veneziano
Marco-Polo e o imperador mongol Kubilai Khan no século XIII. Através destes
dois protagonistas dá-se o encontro entre duas culturas: o mundo ocidental e
o mundo oriental. Os dois homens vão dialogar longamente e assim perceberemos
a lógica das conquistas do Khan, os seus objetivos de unificação de
territórios bem como a sua forma de governo. Aparecem também diante de nós dois
homens respeitadores da cultura e da religião do Outro, algo que nos pode
interpelar nos tempos que correm... Vejamos
agora por que motivo nos parece interessante assistir a este espetáculo.
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Desenvolvimento
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Podemos começar por afirmar que o
século XIII está muito bem apresentado tanto ao nível do guarda-roupa (moda
da época) como ao nível da sonoplastia com o acompanhamento sonoro feito com
instrumentos tradicionais da cultura mongol. Dito isto, se esta peça tem
vários aspetos positivos também nela vemos aspetos mais negativos. No
entanto, a existência destes últimos não nos impede de seguir e de
compreender o espetáculo.
Foi
interessante ver o funcionamento do Império Mongol, muito grande, organizado
e respeitado pelos seus contemporâneos. O público pôde observar diferentes
aspectos da cultura mongol, tais como roupas, músicas, cantos e instrumentos
tradicionais presentes no palco e tocados ao vivo. O Império mongol era um
mundo muito diferente do mundo europeu, como podemos perceber durante a peça.
Por exemplo, as crianças aprendiam a combater a partir dos três anos. Também
podemos ver que este reino, que podia parecer bárbaro para muitos europeus,
estava na realidade muito organizado. Vários aspetos da vida mongol foram
valorizados com muito êxito pelos atores, nomeadamente a maneira acolhedora
de receber os estrangeiros no país e a tolerância do Khan para com as outras
culturas e religiões, deixando a descoberto o seu objetivo de unificar o
mundo.
O cenário minimalista, apenas constituído por uma cama
posicionada no centro do palco, suscitou reações contrárias no público. Alguns acharam que o facto de ter apenas um
elemento do cenário permitia dar mais atenção aos atores, e portanto
concentrar-se completamente na intriga da peça. Todavia, muitos espetadores
acharam que o uso de um só elemento no cenário não foi benéfico para a
compreensão da história. A cama tinha várias funções (cama, sala do trono,
colina...) e necessitava uma grande atenção por parte dos espectadores, que
tinham por vezes dificuldades em entender o que acontecia ou em perceber o
papel da cama, fazendo com que se desconcentrassem da peça. A disposição dos
diferentes elementos do cenário era alterada em frente do público, o que fez
com que a intriga não perdesse o ritmo, para além de assinalar o contraste entre
os lugares. Um outro elemento do cenário, o biombo, ajudava a marcar as
entradas e saídas de atores.
Da
mesma forma, a presença de somente três atores suscitou reações diversas.
Alguns elementos do público acharam que era uma boa ideia, permitindo ter uma
narração que se concentrava na ação principal e não em eventos “inúteis”, ou
menos interessantes, que poderiam ter sido desenvolvidos com a presença de
personagens secundárias.
Outros
elementos do público tiveram dificuldades em imaginar certos momentos da peça
que necessitavam a presença de muitas pessoas, por exemplo quando o Khan
refere a Marco Polo o facto de estarem muitas pessoas presentes, havendo apenas
duas pessoas presentes no palco. Portanto, a presença de poucos atores
estragava a impressão de multidão que deveria estar presente.
Ao longo da peça, a luminotecnia ajuda
a transmitir os sentimentos das personagens: as cores, azul e roxo, no
momento em que se canta, ou os jogos de luz assinalando a mudança de cena. As
luzes permitem um trabalho com sombras em palco, nomeadamente quando a mulher
do Khan dança, valorizando assim cada um dos seus movimentos. A luz também
ajuda a exprimir os sentimentos das personagens por exemplo através da
projeção de cores quentes.
A
paixão que surge entre o jovem Marco Polo e a quarta mulher do Khan levou-nos
a perceber melhor as culturas em confronto. A “andorinha do Khan” permite, de
certa forma, mostrar um ‘’resumo’’ da cultura do Império do seu marido: ela revela,
por exemplo, que as pessoas podiam, no século XIII, andar tatuadas por
motivos culturais, ter várias esposas...
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Conclusão
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Muito mais se poderia dizer acerca deste
espetáculo, registámos apenas algumas ideias que nos surgiram após a nossa
ida ao teatro. Em jeito de conclusão diríamos que esta peça foi muito
interessante de um ponto de vista cultural e histórico, apesar de haver opiniões
diversas sobre aspetos pontuais relativos à encenação de Eric Bouvron.
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